sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Devagar, sem o dar conta
Perco o gosto do que gosto.
Perco o norte e perco a ponta
Desta lápis por estrear.

Como um céu que foi deposto
A aprender a flutuar.

Perco o querer de ser um gosto,
De me chamar o que me agrada.
Já não sei que nome trago,
De onde venho, para que estrada.

E sou feliz sinceramente
Quer me seja negro o fardo
Quer clara tenha a mente.

Tanto dá que a guerra vença
Ou a paz na desavença.

Minha alma é indiferença.

E sentado, onde calhei estar
Sinto a terra que não pensa,
Que se pensa dá-me igual.
E se um garfo me falar
Se me amar um avental
Eu encolherei os ombros
Porque um garfo é só normal.

Passe um lápis a voar
Caso o lápis tenha ponta
Hei-de olhar sem ele dar conta
Hei-de querer o desejar
E encolherei os ombros.

Oh, já tão morto, morto estou!
Quem me tira destes escombros
De futuros que ruíram
E descobrem quem eu sou
Para eu saber quem viram?

Eu encolherei os ombros.

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