Ouvindo leigo um violino
Faria uma fabulosa sinfonia.
Mas surgia tango argentino
Seria uma lenda dançante
E Mozart já morto esquecia.
Assisti porém a desfilar.
Qual mais belo semblante
Mais que o meu fascinaria?
E um escritor que me escreveu
Coisas de me apaixonar,
Decidi ser Horácio e Orfeu.
Quantos tijolos primeiros
Deixei espalhados no chão
Projectos de palácios cimeiros
Plantas de cada dia mansão.
E ninguém me disse que não.
Foi ver os céus a arranhar
E pensar logo outro lar.
E tudo o que deixei atrás
Foram estilhaços, pedaços
Rastilhos de desmoronar,
Cimento seco, parcas pás,
Foi um caminho sem passos
Porque é preciso caminhar.
Deixei o lixo, o abandono,
Os pilares entre o betão
Deixei vontade, caí o Outono
As folhas secas de ilusão.
Nunca uma flor colorida
Nasce entre cinzas sadia.
Cresce uma erva partida
Mortiça a só fumo sorvia.
Porque navegar tanto diz
Se já de porto não sais?
Ò vida, que sejas tu feliz.
Eu já vou tarde demais.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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