Entrei na caverna da estivação,
Sou um urso do deserto.
Rasga-me os ossos o verão
E o sol de raios dilacerantes
Desfaz-me o querer a descoberto
(Perdi a pele num cacto presa).
Entrei na caverna da estivação,
Poupo miragens mirabolantes
De me ver a ter certeza.
E aqui ao fresco antecipo
O caminho que tenho a fazer
Com um oásis às carrachulas
(A água enfiada num pipo
E o tempo em que terei mulas
A andar e eu a merecer).
Porque o suor dá muito trabalho
Dá tanto como dobrar estas dunas
À procura de um simples carvalho.
Antecipo caravanas, colunas
De fiéis seguidores a seguir.
Um urso de peito inflamado
(O feito lá virá a seguir
Nas cascavéis de uma ovação)
Com peruca de pelo e de brio.
Espero sobreviver ao verão,
Escondido resistir a este frio.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
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