sexta-feira, 30 de abril de 2010

Poema ao saber

Por fim, sabedoria
Por fim mas não por fim
Deves saber que conhecer
Era mais que sonharia
Ler no pedaço de mim.

Tropeçar-te, meu saber
E não te vendares
Com orgulho de quem sabe
Bastou sorrir para ocupares
Conhecimento qu'em mim cabe.

Jamais julguei, saber meu
Saber meu porque o desejo
Ser real qualquer desejo
De que saberes quem eu.

Mas soletras sem errar
Meu nome e letras tuas
Sabes porque me foi dado
Quem antes de mim carregar
No tempo de rochas nuas.

E sinto-me abençoado.

Nunca sonhar deixaria
Que tal sorte me sorria.

De ser teu amigo, sabedoria
Sou teu filosofia

quinta-feira, 29 de abril de 2010

205

Todos os dias vou e percorro
Sem ser eu mas rodas andando
A mesma estrada do morro
Que não leva a lugar nenhum.

E nunca nada vem mudando
O autocarro é o mesmo um
O condutor é imune aos anos
Viajando os mesmos fulanos.

E porque tudo é sempre igual
Todos os dias não há final.

Se um dia houver um acidente
Foi do sono que se esqueceu
De não sonhar, passar à frente
E contornar o que se pode viver

Pode o sol retrocedeu
Que não há motivo de o ver.
O sentido é diariamente chegar
Onde amanhã se há-de esperar.

E assim quietos vivendo,
Nunca chegaremos a envelhecer
Porque quem nunca foi vendo
Que vida tem para morrer?

?

                               Se ser
homem for
um conjunto
visceral
e uma
massa viscosa reagir
logo a estímulos robô
alma não existir aqui
nem há cavidade dela
for ser química nada
nem este coração mais
que bombear de ar
sendo assim
certo recuso
ser um homem
quais enzima
sinto só meu
nenhum destino
serei simples
unha do pé
e nem o chão debaixo de mim é só terra ou cimento sem nome
nem ser ele próprio, é pisado de memórias e quantos sonhos
poeira de estrelas que sou mas só cá dentro, as coisas têm
muito mais do que números a explicar porque se mexem e que

Malmequer

Meu pequeno malmequer
Que te vês um girassol
O percurso que o sol der
Achas qu'é por teu mandar.

Mas é o nascer do sol
Que te lembra de acordar.

E se alguém te depenar
Querendo mal ou querendo bem
Hás-de sempre escutar
Que foi bem que te quiseram.

É a vaidade que te vem
Pelo astro que te deram

(Ser vaidade é impor
O brilhar firme flor)

E se um dia o sol esconder
Entre nuvens duvidosas
És um pranto por perder
O que sonhas lá demoras.

Lembra as tuas belas prosas!
Ficas tão feia quando choras...
Mal-me-quer bem-me-quer
Mal-me-quer bem-me-
Mal-me-quer bem
Mal-me-quer
Mal-me
Mal

quarta-feira, 28 de abril de 2010

voouuuuuuummm

E que pressa
De fazer logo tudo
Sem que mal meça
E correr pra todo o lado
Tempo não impeça
Suado e mudo
Calado suado
E as tarefas dei
xar só a meio
Tantas que quero sei!
Pra depois voltar atrás.
Vejo aquilo e zás!
Que lento freio
Hei-de me prender
Se o que eu quero é viver
Viver o dia inteiro
Não dois segundos
A encher fumeiro
Churiços sem fundos
Há sempre pra encher!
E quantos enganos
E assim desperdício
É meu rasto de chamas
Porque é vício
Querer todos os panos
Pra fazer miles camas.
E se cozendo este fio
Olhar pra um canto
Logo salto e que rio
Por querer assim tanto
E não ter um pintelho
Nem tempo para nada
Pra viver rápido
E lento ser velho.
Rá jápido!

Não fiz nada
M
as tentei cada

terça-feira, 27 de abril de 2010

Fogo no cu

Debaixo da cadeira onde esperava
Pacientemente bom bombeiro
A pressa acendeu um isqueiro
Só pra ver se o fogo pegava.

E eu sincero e nu
Ateou-me o fogo ao cu.

Calor do atraso!
Tanto pra correr
E o rabo raso
De andar a arder
E água nem gole
Pra me abrandar
Pensar? mole!
Só sabia soprar
E de olhos em chama
Como desviar
Quem se atravessa
O sangue derrama
Levava na frente
Quem não afastava
Colado, demente
Aos gritos pimenta
Pupila magenta!

Mas belo de esperançoso!

Por fim se esgota a reacção.
Cheguei demasiado adiantado.
E o que me tinha a fugir agarrado
Não era belo nem não em vão
Era um erro de incêndio veloso.

Zimbabwe

Se é o sangue que procuras
O sangue dos inocentes
Então arma-te, forca.

E se ignoras amarguras
E morte a quem mentes
Então, cruel, forca, forca.

Se desejas na tua armada
Crianças de mão cortada
Ri-te apenas e forca.

Pra violares imaculada
A bondade deste poço
Vais precisar de forca
E duma corda ao pescoço.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

2012

E se eu soubesse bem sabido
Que partiria em dois anos
No dia do dia menos comprido
Para o submundo oceanos?

O que faria eu agora
A sonhar o outrora
Se o outrora tem prazo?

Tens seiscentos dias e tal
Pra correr o que der caso
Porque quem por gosto corre
Não cansa, mas com que final?

Chegar a horas, suor escorre?

Até procurar sombras da glória
Sumo sentido, perde o sentido
Porque se apaga a história
Alinhad' universo esquecido.

E ajudar África da fome
Dar a mão aos de mão roubada
Para quê, se não tarda nada
Nem rico nem pobre come.

Se souber o mundo a romper
Vou correr não porque agrade
Vou para as fontes do prazer
Envergonhar o licor de um Sade.

Porque se o mistério não haver
De um tempo a parecer infinito
De que é que vale a pena ser
E querer marcar o mundo a branco
Se basta o tempo de querer franco
Para ser pó de meteorito?

25

Faz hoje trinta e seis anos
Que podia o pover morrer
Pelo poder de uma ideia.
A ideia de eu poder hoje
Escrever aqui quanto quiser..

Mas não morreu ninguém.
Protegido o coração
À lapela por cravos,
Não foi derramada gota de sangue.

Os que tinham a morrer,
Tantos,
Crucificaram-se antes disso
Compraram com a vida
Liberdade que não usaram.

domingo, 25 de abril de 2010

Cavaleiro de malta

O meu sonho não era ser bombeiro
Não era trabalhar sem uma falta
Feliz casamento inteiro.
Era ser um cavaleiro de malta.

Um cavaleiro quando há aviões
E armas que matam morridos
Vou servir que inquisições
Em que mares desconhecidos?

Nobres e justos, calado o temor
Combatendo ao bem contra a dor
À espada de ser Deus primeiro

E eu não quero ser cavaleiro.
Mas só se cavalga num sentido
Por ser exagero querido!

Vidagem

Tenho esperado o comboio seguinte
De impaciência atrasado
Pimponeta paragem em vinte.
Trago atrás de bagagem
Roupa suja do passado,
As gravuras de outro lado
Instruções para a viagem.

Agarrada ao corpo a roupa
É o único bem que me poupa
O Sr. fado revisor
Indeciso ao desamor.

Para onde a seguir
Eu me hei-de perder?
Que estação do porvir
Hei-de querer conhecer?

Um viajante corropio
Ignora a quem cruza
Não quer saber o que usa
Porque é ele a multidão.
Quem é que grava se sorrio,
O que importa gritar não?

E quando encontrar enfim
Lugar onde me saiba a ficar
E o preencha como um lar
São horas da linha do fim.

Escadas para o paraíso

Qualquer sonho que valha
Volátil, quais fadas
Acaba, num dia que calha
Quando já nem lembramos
Por tombar pelas escadas
Para o térreo andar
Onde querendo tocamos
Sem haver beliscar

E a beleza que exibe
Deitado em cima do sol
Racha descendo declive
A sangue pelos degraus.
Afinal é áspero e mole
A imagem é tela pintada
Em pontas de pincéis maus.

Quando se puder tocar
Na magia de um nosso sonhar
Tem-se a aura rasgada.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Pendulum

Cai em pêndulo meu braço
Do limiar das nuvens colchão
Cai num abismo ausente de chão
Cama de algodão de ar escasso
E balança para trás e diante
Para de médio comunicar
Com os que tarda visitar
De som ressonar ofegante
E dizem que se é para estar
Em vida assim imóvel deitado
Num lugar tapado ao calor
Saco de primeiros socorros
Mais vale vir adiantado
E gastar tantos aforros
A passar por Cérbero sem dor
Porque pra respirar o quarto
É rotina de pêndulo

Mãos


De espelho em frente etnerf me olhepse eD
Tentava a mim dar-me a mão oãm a em-rad mim a avatneT
Mas só tocava as pontas dos dedos soded sod satnop sa avacot ós saM
Do reflexo polido rente etner odilop oxelfer oD
Era em vão oãv me arE


Falhanços azedos
falhanços azedoS
E lembrei-me a direita
e lembrei-me a direitA
Que podia a esquerda juntar
que podia a esquerda juntaR
Entrelaçada estreita
entrelaçada estreitA
De me ajudar
de me ajudaR

terça-feira, 20 de abril de 2010

Gregório

Estive encostado à morte
Tão perto de um abraço
À distância de uma sorte
Julgamento pelo dado
Que de saber alívio escasso
Podia não ter acordado.

A foice a um passo
Mas deitaram-me de lado.

Pois me girei sem querer
Ao abismo que avançava.
E o mal que respirava
É o ar de querer viver.

sábado, 17 de abril de 2010

Ab Sinto

Dionísio trazia-me de mão dada
E cambaleando perseguíamos
Risos e cornucópias tropeçando do nada.
E cantando dançando íamos
Lançando flechas fluorescentes
Que lhes passavam lábios rentes.

Então os homens de negro surgiram
Do outro lado da estrada
Dionísio e a emboscada.
Recebeu-os e mirando-me riram.
Eu gritavam "MIRAM-ME", "MIRAM"
Entre os pirilampos a namorar.

E sentei-me num banco a conversar
Com a paragem do autocarro vazia
Porque era noite e leve o ar.
Eles decidiram por fim o plano
Duas gravatas e eu tudo esquecia
Aquele flash vermelho americano.

O resto eu não recordo.
Mas sei de testemunhas fantasma
Que ET pegaram por mim no cabelo
E como viram que não engordo
Usaram-me no comprimido da asma
Para fazer rir a ponta de um novelo.

E puseram-me sentando a caçar
Embriegado de pontaria
São Joões que voavam à frente da lua
E não a deixavam iluminar.
E acordei já na cama do dia
Despido de mim e memória nua.

Eu quero.

Se tiver tentado,
Não faz mal que não consiga.
Para que o remorso não diga
"Voltemos ao passado"

E se já tentei
E com tudo o que não sei
Se a miragem fugir
Não foi por não a perseguir

E se for tentar falhado
Não foi em vão o suar
Foi o sair do mesmo lado
Estrada para outro lugar.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

aaaaai

      Não
Não sou eu a debruçar-me
Assim zonzzzzz
zzzzzzz
zzzzzzo
Sobre gemidos sem sentido
nenhum.
É o mundo que
corcunda
Não para quieto
Surdo e anal fabeto
Levanta-te e eu prometo
Que te ajudo e te dou a mão
E te pinto cor no preto
E te alegro e espano o pó.
Mas tens de ser tu só
A sair desse caixão.
Um bandido que me esfaqueava
Arranhou-me a ponta do nariz
Enquanto tomava balanço
Para furar outro golpe.
Fiquei completamente furioso,
Sangro constantemente do nariz.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Certo dia sonhei tanto
Em abrir asas e voar
Em cima do meu manto
Até o sono chegar.

E quis quanto impossível
Ter nos pés um dirigível.

Tanto que no dia a seguir
Não acordei alado
Mas tive vista para ver
À janela, do outro lado
Uma árvore a subir
Sem final se entrever

segunda-feira, 12 de abril de 2010

movs

Três meninas como três tartarugas
De salto alto pavoas
Caminham como que sobre brasas
Em ânsia de usarem verrugas
Quando é a brincar que são boas
Fingindo galinhas com asas.

E patarinham em fila indiana
Porque é nelas amizade cigana
Vigiando a todo o instante.

Sal ti tam gri tan do de bi co
Da noi ta da que vem em di an te
E fa lam assim com um pi co
Em ca da pa la vra a tre vi da

E lá vão, abaixo avenida
Como peregrinas a Meca
Para o promíscuo da discoteca

domingo, 11 de abril de 2010

Falta

E se a esperança é a última a morrer
Por ser branca e brilhante
Afiada diamante
Usa-la-hei de escudo ao peito
Na guerra que vem a amanhecer
Investindo em mim a direito.

Que de sangrar tire proveito.

E na mais frente da batalha
Quantas flechas rechaçar
Quantas hei-de, voltando, apanhar
Pra que tornar valha,
Pra trazer a alegria
A quem mais que grades não via.

E se o combate não for ganho
Se forem amigos que apanho
Então quem tombou foi o sonhar
E eu cabisbaixo a regressar
Ao que tomou de assalto
O fascínio num rompante.

Mas alto
Ouvem-se as sirenes, distante

viagem de metro

Custa-me aguentar.
Sentado perdido no meio da gente
Custa-me só de pensar
O tempo que falta pra cumprir o repente.

A dor de me ter algemado
Ao que apodrece dentro de mim
Num túnel que é circular fim
Vem sentada ao meu lado.

Torturado que é reter,
Por ser aqui esse meu dever,
Os espinhos desta viagem
Reter a que trago bagagem...

Mas quero lá saber,
É melhor sujar-me que morrer
E mesmo que não vá só
Para já não sei quais destinos
Não suporto o peso...

AHHHHhhhhhh
Que vontade de fazer cócó..

Fui insultado e preso
Dos intestinos

enquanto a manhã não chega

tunds
São os corpos nos outros carregando
tunds
No escorrega do suor e o fumo espesso
tunds
De um espaço tão apertado dançando
tunds
Que a música se afunila no ar
tunds
E os batimentos vêem-se fora do avesso
tunds
São os olhos a deslizar
tunds
Por onde inebriadas se têm as mãos
tunds
São os risos de danças sem tentos
tunds
E perder o medo de apanhar nãos
tunds
São os pequenos momentos
tunds
Que se marcam no diário da memória

Se vale o prazer em troca de glória?
Quem cumpre sonhos vai-se esquecer
De que os têm e surgem mais
E o sacrifício de tanto querer
É resumido ao marinheiro no cais
Que vê o navio partir adiantado.
Dura dois minutos ao horizonte
Onte onte onte onte
O tempo de ter chegado
A ver vénus no monte
tunds
Da cave da discoteca
tunds
Onde não há horizonte
tunds
Só impulso de peca
tunds
Uuaaaauuu!
tunds

sábado, 10 de abril de 2010

Céu azul

É tão grande o céu azul, estendido. Onde acabará e 
lhe pegam nas pontas, nunca foi dormido? Balões de ar d
e voltas ao mundo sobem contra a cor, estampados no cim
o fundo de quadros. O céu é tão alto. Se caminhamos no
chão como chegamos de um salto? Há fagulhas de nuvens b
rancas, resquícios de quem tentou. Resquícios da chuva
de quem chorou. Como voar ao colo de uma andorinha e ch
egar ao leito delas? A navegar no reflexo do mar em jan
gadas sem velas? A espessura de um infinito, o telhado
de lares e de gritares, gritar o que não foi dito debai
xo da leveza dos mares. Não é a seda do céu o limite. É
possível intocável, o remetente de um convite, impossí
vel abraçável. Nunca limitou, guiou os sonhos pelas tar
des de sesta no berço do colo do sol, o motivo para esc
olher entre subir ou descer um tempo tão mole, tempo de
ferro até que o chão engole e vinte e uma gramas sobem
aladas, são os pigmentos das lágrimas azuladas com o q
ue cobriram aos sonhos a moradia, o destino inalcançáve
l do que um pingo de chuva queria voltando para trás, p
ara onde condensou de um pedaço da piada de viver, pode
r chorar e poder saber. Saber o sal, manto da calma que
é o céu a cobrir os que dormem para sonhar sem haver m
ais acordar, sem final e o sabor doce deste sal



balão
nuvem
nuvem

nuvem




E ainda assim tudo o que choro vivendo é o medo de não to
car no algodão doce do céu

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cantiga

-Boas tardes. Sirva-me por favor doisk
ilosd
evinho
-Mas o vinho não se serve aos kilos meu senhor...
-Então ponha-me d
o
i
s
m
e
t
r
o
s se não se importa
-*Ah seu espertinho, que já vais ver, vou fazer uma linha
de dois metros em cima do balcão* Aqui estão
-Então agora embrulhe-mos.

Lapso

Rastenjando no fumo
Do ruído da cidade
Sem razão nem rumo
Só semáforos de atraso
A ver passar a idade
No ruir dos prédios
E rotinas de assédios
Correndo em roda
De vazias rotundas
Seguindo de moda
Antíteses profundas
E tanto bréu

Que ningém se lembra das estrelas no céu

quarta-feira, 7 de abril de 2010

ghost of you

É preciso sorver-te os sorrisos
Um por um, todos.
É preciso plantá-los e vê-los nascer
Qual pai presente a teu lado
Feliz por seres feliz.

E é preciso limpar-te todas as lágrimas
Que te queimem a face rósea
É preciso podá-las
Sem lhe cortar a raiz
E ver-te florir, girassol.

Apertar-te nos braços.
É preciso que vejas entre eles
O aconchego do lar
Que partilhamos a jogar
Ás escondidas e perdemos.

É preciso aconchegar-te os lençóis,
Que sejam níveos e perfumados,
É preciso pousar-te as boas noites
No rosto de sossêgo
E ver-te sonhar até de manhã.

É preciso não me esquecer
De não perder um segundo sem ti
Por dois minutos sem rumo.

Um dia podes não acordar
E estar sentado à janela
O fantasma de ti.

E os abraços que te agarrar
E os sorrisos que te tentar
Gélidos, não os sentirás.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

VS

Hoje notei que quando olho para trás
E me vejo na relva senado
Ao sol de um piquenique e um cabaz
De onde tiro a toalha que é mesa
À beira do trilho do passado
Vejo sempre alguém a meu lado
A tornar a estrada acesa

As curvas mais felizes do caminho
Foram quando não caminhava sozinho

E quando andava calado
Era feliz mas era igual
Todo o caminho era o tal
Mas não o tenho lembrado

Fora do meu trilho certo
Não vou onde quero mas acompanho
Onde o caminho é fácil e aberto
Na selva, feito de filas indianas
Onde já se ganhou o que ganho
Destravado, sem árvores nem lianas

E os sonhos que eu me vestir
Como mos podem ajudar a perseguir
Se não sabem quem são
E me amansam a volição?

Dos almoços que foram tantos
Ficam fotografias desfeitas nos cantos

De que vale o vivido vazio
Alcançando o porque nasci
Se nós, sem ela nem ti
Chegar à foz que sou rio?
E ter memórias pra dizer
E haver alvos pra correr
Que pude realmente viver