sexta-feira, 5 de março de 2010

Chamo-me sol

Telefonei à minha avó
Para aceitar viajar com ela
Mas ela já tinha cancelado.
Não poderia guiar a vela
Ela no mar só.

Então tornei a ligar
Com o atraso de me desculpar,
Tão tarde que já tinha morrido.

Abracei a minha mãe
Para afastar a tristeza
E sorrir de novo o bem
Mas a casa já estava vazia.
A luz que deixou acesa
Chegou-me tão tardia.

Tentei então escutar
O que grita a minha irmã
Mas ela não se lembra de mim.

E quando chegou a manhã
Falei ao sol assim
Já ele estava a pousar.

Avó, estive a pensar
Só me dedico à gente
Que me ampara incessante
E quero ir contigo
quando me vejo precisar
De um consolo quente
Sei que estive ausente
Quando canso de olhar
A ponta do umbigo.

Avó...??

Vivendo só comigo
Só a isolada dó
Me lembra quem me amava
A luz não desligava
Quando eu ainda existia.

Sou o teu irmão
Aquele que há muito não te via
As pessoas não são plástico
Deixar a um canto no chão
Sou o teu irmão João
De um quarto fantástico

Olá, céu esfera chamas.
Como te chamas?

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