sexta-feira, 12 de março de 2010

Chucky

Senhor Pai Natal,

Aquando do meu fabrico
Penso ter sido feito mal.
A voz que deveria falar
Só fala quando replico.
Não diz palavras queridas
Como suposto ao embalar.
Está escrito nas instruções
E não é voz de canções,
É voz grossa de feridas.

Quando devo caminhar
Por ter uma pilha nova
Corro para um canto só,
Atropelo a quem passar,
Sem cuidado nem dó
E também isto é prova
De que não estou acabado
Como estava programado,
Por meu sozinho prazer
O meu sensor deixar de ser.

Sou um nenuco normal
De imagem angelical
E olhos azuis claros,
Pele suave e real,
Sou dos bonecos mais caros,
Para ensinar a bondade
Em tão breve idade.

Mas no meu interior
Construíram ao contrário.
Porque desprendo a dor
Em vez de dar amor.
Dentro do armário
Rasgo os outros brinquedos
Sem razões nem enredo.

Eu que fui feito para ajudar,
Espontâneo a magoar.

E já ensinei a menina
Todas as asneiras.
Ela, tão pequena,
Esctuando histórias de terror.
Tirei-lhe até a vista
De plástico sem estribeiras.
Sou um boneco egoísta
Por querer ser um senhor.

Por ser um brinquedo ruím,
Só querer saber de mim,
Para que não hajam mais estragos,
Recolha-me desfeito.

Troque-me por um direito
Os portes eu pago-os.
Muito lhe agradecia.
(Estou na garantia)

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