Havia uma casa discreta meu clamor
Onde não ousava sonhar-me cativo
Por não me julgar o simples merecedor
De mais que a rua onde não dizia "vivo".
E rondava do por da noite ao dia
Não à espera da porta que não abria
Mas para acrescentar ao desejo fantasia.
E então os soalheiros gira-sóis à varanda
Acenaram sorrindo e de serenas maneiras
Pediram-me em pólen para entrar pelas traseiras
E eu entrei como a alegria bem manda.
E tempos dourados cantando ousei
Pelos quartos do sol que encontrei.
Mas porque desvendar não vem sem fim
As paredes foram estreitando a mim
E o ar começou a não chegar
E vi pedaços por pintar
Até que tornou uma cela
Via à luz da vela
Queimando aceso
Só, preso
Abandonar?
Desabar
A prisão
Afeição.
E queria fugir mas não queria partir
O lar que me convidara a sorrir.
E fiquei.
Quando, anos corridos, se destrancou uma porta
E a luz liberdade entrou outra vez
Olhei
Já a coluna era torta
E as pernas mirradas
Um velho sem tez
Nem tempo nem querer
Nem esperanças tardadas
De tornar a viver.
terça-feira, 9 de março de 2010
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