sexta-feira, 11 de junho de 2010

Chovia.
A noite era tão escura
Nem a lua se podia.
Nem o sol nem a secura.

Nada se ouvia.
Só o silêncio que fazia
A chuva a esventrar os telhados.

Tombados.

Mas surgindo à solidão
De algum lado possível perto
Mas tão distante,
Ecoou o uivo de um cão
Um queixume desesperante
Por não haver ninguém desperto.

Não foi o silêncio quebrado.
O uivo da chuva esmagado
Era um pedaço do seu costado.

Tudo inundado.

E chorando se seguiram
Qual bater de um coração
Que não tardava a esmorecer.

As pessoas não ouviram.
O pesar da escuridão
Não deixava querer viver.

Talvez estivesse preso
Numa perna num arame
E puxasse, puxasse...

Talvez um carro ileso
O passasse, derrame.
E magoasse, magoasse...

Se calhar era o sonhar,
Se calhar só nostalgia.

Cessou o uivar.
Chovia.

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