quarta-feira, 2 de junho de 2010

Altitude

Eu tento ser alto
O mais quanto posso
Subo-me e salto
E em cima dum banco
Desta perna que manco
No céu dedos roço

Mas tal peso trago
Aos ombros caídos
Corcunda tão vago
Que sou derrear
Pra não me espalhar
Num chão de gemidos

É atlas às costas
E sonhos na pasta
E as regras impostas
Os deveres na camisa
De forças tão gasta
O que querem de mim
Corrente indecisa.
E fés atreladas
Família mãos dadas
Os medos cintura
Lutas penduradas
Por fio que mal dura
Tarefas calculadas
Mentiras agarradas
Valores em malha
Tralha, tralha, tralha!

Quanto eu daria
Por tudo soltar
E leve levitar
Para o sol, o dia.

De mim despejar
Tudo quanto ronde.

Mas depois voar para onde?

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