sábado, 8 de maio de 2010

Aladino?

Quando eu era pequenino
Andei na areia a procurar
Na areia das obras ao luar
A lâmpada d'ouro de Aladino
Porque era bom explorar.

Não pra realizar o sonhar.
Disso eu não precisava.

Mas quando a via enterrada
Ou brilho entulho espalhada
E, rindo, logo a esfregava
Nunca o génio aparecia.

Enterrava-a no meu jardim
Com as outras e a esquecia.

Oh tropecei numa coisa assim
De novo, num dia já crescido
Caminhava na praia entretido
A deitar o sol no horizonte
A planear o percurso da ponte
Que me havia de lá levar.

Sonhava tanta coisa diferente
Corria bêbado pra onde calhar.

Escavei a areia e lembrando
Poli a lâmpada à camisola.
E o génio surgiu anunciando
Com seu rugir de maré
Que faria do mundo uma bola
Pra eu chutar com meu pé,
Que me daria quereres três
Mas que só mos daria uma vez.

Sentei-me, dias, a matutar.
O génio impaciente esperar.
Só mos daria uma vez.

E decidi-me, vendo as gaivotas.
Que se fosse o génio embora.
Queria provar as derrotas
Qual futuro, eu queria o agora.

De que valia ser um pintor
No trono da imortalidade
Se nunca um quadro pintara
Se não lhe sabia o sabor?
Pra quê ser de imóvel idade
Se a morte me era tão rara
Que não me obrigava a viver?
E pra quê ter o dom de escrever
As regras e leis do universo
Se nunca gostara de um verso?
Pra que chegar ao fim de uma estrada
Sem ter visto o sol a crescer
Brilhando na brisa de um arvoredo?
Sem ter visto a floresta molhada,
Ter ouvido o orvalho a nascer
Se ainda falta tanto, é tão cedo?
Vale a pena o fim da estrada
Sem de paisagem recordar nada?

Por isso pedi ao génio para partir.
Se eu quero o horizonte, armo uma jangada.
Sou eu que tenho de lá ir.

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