terça-feira, 4 de maio de 2010

"Gaivota pura e leve"

Seria como uma gaivota sem asas
Sem saber onde era o mar.
Seria ave viagens rasas
Sem cantar ou saber escutar.
Seria fugir às ondas, ao vento
À procura de um só assento.
Seria o medo de afogar
Porque prende a solidão
O medo de nunca chegar
Por não haver razão.
Seria voar mais depressa
Sem ter visto o caminho.
Seria noite não cessa
Porque o sol não vem sozinho.
Seria a morte dos sorrisos
E os rostos vazios, lisos.
Seria trancar o parado momento
Nas alas escuras do pensamento.

-Seria, mas não é.
Porque as gaivotas sozinhas não voam
-Voamos cantando e brincando
Para que as nuvens não doam.
-E partilhamos o azul da maré
Que vai crescendo e recuando
E isso nos vamos ensinando.
-E quando uma fica para trás
Porque rir dói na barriga
Todos voltamos atrás
-Porque a alegria é nossa amiga.
-A alegria que tem asas tão belas.
-E o caminho que juntos levamos
Para o horizonte, por cima das velas
Tem sentido porque o contamos
O esforço cantado a uma voz
A voz que é de todos nós.
-E assim, um dia ainda distante
Vendo um álbum de fotografias
As páginas não vão estar vazias
Cheias de monólogo constante.
Vão ter o cordão e os umbigos
De uma vida que foi alegrias.

Porque amamos amigos.

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