sexta-feira, 16 de julho de 2010

Em busca do amor perdido

Sobre o brilho do oceano
A azul e branco pincelado
Cantando marés ao piano,
Bem por cima de um navio
A navegar para outro lado,
Alto à linha do horizonte
A separar os sonhos fio
Do que se ousa crer verdade,
Acima do sol e raios fonte,
Acima de um um céu já sem idade
Voam juntas duas gaivotas
Contra o vento e sem derrotas,
Voam para praias desenhadas
Pelo sabor de imaginar.
Voam de ponta de asas dadas.
E à medida que o céu andam
Riscam suaves brancos traços
Pelas asas que nele raspam
Marcando nuvens e os espaços.

E duas flores emergiam
De entre o seco do areal
E uma à outra se prendiam
Em folhas, frutos e perfume,
E o enroscar amor do caule.
E pelas pétalas baloiçando
Vendo o mar e o inspirando
Esperariam juntas a maré
E rumariam onde ela rume
Pela força de partilhando
De tão firme raiz e da fé
Que só ser uno pode trazer.
Viesse a fúria da tempestade
Viesse o vento ou a maldade
Viesse a sede ou o morrer
Jamais arredariam um grão
Daquele que é o só seu chão.

E eu sentado a ver o amor
Passar a outros, fugir de mim
Procuro odor de uma flor
E visto asas para voar.
Sentando na praia ao fim
Na fronteira entre o sonhar
Sou suspiro e estendo a mão
Pra que me a venham agarrar.

Só sinto a minha pulsação.

Mas quiçá quieto, enterrado
(Só a mão tenho lá fora)
Esse amor mais se demora
A ter-me aqui encontrado.

E se o amor não vem a mim
Tem de ir mim ao tal amor.

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