domingo, 11 de julho de 2010

passado

Um viúvo senhor sentado
Num banco de pedra e madeira
Lembrando quis voltar ao passado
Quando ouvia à sua beira
O leve rumor de um vestido.
Via o rio véu a descer
Como o braço dela vertido
Tão suave de o percorrer
Que deu uma à outra a mão
E disse amor como então.
Mas ninguém lhe respondeu.

Havia um copo virado
Para baixo na mesa na beira
Quando um tremor descuidado
Se verteu e à água inteira
No chão em estilhaços de fluído.
E ousaram os cacos querer
Voltarem a ver reunido
O vidro a servir de sorver.
Ficaram quebrados no chão,
A entropia disse que não.
Ninguém mais lhe bebeu.

Um viúvo senhor virado
Pra baixo em terra e madeira
Lembrando quis voltar descuidado
Ouvindo a mesa à sua beira
Trepar estilhaços de vestido
Em cacos de o percorrer.
Então deu uma mão ao chão
E o amor repetiu que não.
O passado morreu.

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